quarta-feira, 22 de setembro de 2010

FUNDADORES DO GINÁSIO RUY BARBOSA

GINÁSIO RUY BARBOSA

LEMBRANÇA - GINÁSIO RUY BARBOSA

TURMA DO GINÁSIO RUY BARBOSA

QUEM FOI O PROF. AGOSTINHO JOSÉ MUNIZ



Agostinho José Muniz (1901-1960). Nasceu em Juazeiro/BA. Foi aluno da escola primária do professor Luis Cursino da França Cardoso. Concluiu o curso ginasial no Colégio Estadual da Bahia em Salvador. Ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia e na Faculdade de Direito, tendo realizado os dois cursos ao mesmo tempo; porém, sem realizar a colação de grau, não obteve os respectivos diplomas. Em Juazeiro, ministrou aulas particulares de ensino primário e de preparação para o exame de admissão ao ginásio para muitos alunos, que ingressaram no Ginásio Dom Bosco em Petrolina. Atuou como advogado provisionado e defensor de causas trabalhistas para sindicatos de trabalhadores e para pessoas pobres em Juazeiro. Foi fundador de sindicatos de trabalhadores, de sociedades literárias, beneficentes e de partidos políticos, como a Sociedade dos Artífices Juazeirenses, o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil e Anexos, Sindicatos dos Trabalhadores da Navegação Fluvial em Juazeiro, do partido político União Trabalhista de Juazeiro. Foi preso durante o período do Estado Novo, em 1937 e em 1939, acusado de pertencer ao Partido Comunista. Participou da fundação do Ginásio de Juazeiro em 1946. Ainda nesse mesmo ano, desloca-se para Salvador para trabalhar como secretário geral do Instituto de Química Agrícola e Tecnologia da Bahia. De volta a Juazeiro, foi eleito vereador para mandato no período de 1951 a 1955. Foi professor no Ginásio de Juazeiro e na Escola Nossa Senhora Auxiliadora em Petrolina. Fundou em 1953, com Valdiki Moura, e pessoas da sociedade juazeirense, a Cooperativa Cultural de Juazeiro Responsabilidade Ltda, que culminou com a instalação do Ginásio Ruy Barbosa, sendo seu primeiro diretor. Porém, é demitido, por perseguição política, em 1959. Foi fundador do jornal O Trabalho e colaborador em vários outros jornais de Juazeiro e da região, como O Eco, a Voz do São Francisco e O Farol, de Petrolina.

domingo, 19 de setembro de 2010

EDUCAÇÃO POPULAR EM JUAZEIRO


Conta-se, com base na memória de algumas pessoas, sem precisão de conteúdo, que, por volta  do ano de 1940, o professor Agostinho Muniz, meu pai, se encontrou com o mestre Anísio Teixeira, em Juazeiro. Os dois eram educadores considerados e tinham como questão temática de suas preocupações a necessidade de se oferecer para o povo escola pública gratuita, capaz de contribuir para a transformação e reconstrução social.
Contudo, depois de algumas horas de conversa, teriam entrado em um ponto de divergência, e é sobre isso que faltam outros registro. Uma das hipóteses é que Anísio Teixeira já então sonhava com uma escola funcionando em dois turnos, com os alunos entrando pela manhã e saindo no final da tarde.
Esse modelo, antecedido da experiência da Escola Parque (1950), veio a se consagrar, quase 40 anos depois, através dos centros integrados de educação pública (Cieps). Na escola além de atividades curriculares e extracurriculares, também, se incluiu a alimentação.
Já o professor Munizinho, que igualmente achava importante a escola integral,via, no entanto, a necessidade de se desenvolver a educação para além do espaço físico da sala de aula. Defendia um processo educacional aberto, com professores que, inseridos na comunidade, aprendendo com os seus usos, costumes e culturas, os utilizassem para a construção dos conhecimento escolares. A tese era a de que os saberes para a vida se estende para além dos muros da escola. Com essa perspectiva, somente agora o Ministério da Educação está preparado projeto para criar  “centros certificadores de saberes não-formais” que se destinarão a fazer avaliação de competências construídas fora da escola. O objetivo é o de que o sistema educacional oficial reconheça e titule conhecimentos armazenados  como cultura dos povos, os quais, além de outros efeitos, geraram pedreiros, mestre-de-obras, artesãos, roceiros, ceramista, costureiras, lavadeiras, doceiras, jardineiros.
Importantes aspectos da educação popular em Juazeiro, registrados desde aqueles tempos, começam a ser pesquisados pelo professor José Roberto Gomes Rodrigues, da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), área de história da educação, que, recentemente, defendeu e foi aprovado como doutor pela Universidade de São Paulo (USP), com a tese  “Formas de escolarização secundárias e sócio-gênese de uma instituição escolar: o Ginásio Ruy Barbosa em Juazeiro-BA (1953-1963)”.
A tese desvenda e explica as formas de escolarização e as relações de forças e de violência simbólica que aparentemente, colocaram o Ginásio Ruy Barbosa como uma instituição isolada no universo do imenso campo educacional da Bahia e do Brasil. Entretanto, o professor doutro José Roberto Gomes conclui que os resultados de suas pesquisas revelaram ser a história dessa instituição parte de uma totalidade do universo da escolarização secundária da sociedade brasileira. 
A criação e implantação do Ginásio Ruy Barbosa foi um ato de bravura. Começando a luta para se conseguir fazer funcionar um ginásio público, na década de 1950, com absoluta falta de recursos financeiros e tendo como adversários os defensores de um estranho ginásio particular ( construído em praça pública, que já usavam a educação como um bem comercial. a comunidade pobre de Juazeiro organizou uma cooperativa, juntando tostões, e, como não havia mobiliário, cada um levava a sua cadeira ou banco para assistir às aulas. Tempos de admiráveis heróis e de bravos idealistas!.
A tese do professor José Roberto será apresentada, nos próximos três meses, em um seminário na cidade de Juazeiro, incentivado, ele está esboçando proposta para a criação de um instituto de estudos e projetos de educação popular, que, como cogitação, poderá ser vinculado à Uneb e à Prefeitura Municipal de Juazeiro. A meta inicial será a elaboração de projeto educacional para a realidade das escolas da rede do ensino fundamental de Juazeiro, levando em consideração a cultura do seu povo, suas história, seus usos e costumes. Depois, outros municípios poderão ser atendidos. O prefeito Issac de Carvalho (PCdoB) ouviu a proposição e mostrou-se interessado. Espera-se repercussão do fato e que apareçam educadores que ainda sonhem com ideias maiores.

TEXTO: Agostinho Muniz Filho
Jornalista integrante do Forum de Defesa de Interesses Coletivos, diretor da ABI.
FONTE: Jornal A TARDE

TIME DO IAM